IV Passeio Natal 23-12-2012

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Que bicicleta escolher : BTT


As bicicletas todo o terreno servem, tal como o nome indica, para andar sob todo o tipo de terreno. Contudo, como já aqui referi, não as acho particularmente eficazes sob o tipo de terreno ‘asfalto’ :P
Por isso, o que tenho em mente ao dar a minha opinião sobre uma boa bicicleta de montanha, são os terrenos acidentados ou outros onde a civilização ainda não chegou totalmente.

Ao contrário dos lojistas, não acho que sejam bicicletas que sirvam para tudo e nem acho que toda a gente quer andar com a bicicleta em locais tipo este, este ou este, onde se percebe as vantagens destas bicicletas. E é ainda devido à existência de terrenos com características diferentes, que existem vários tipos de bicicletas de ‘montanha’ segmentadas segundo um uso mais habitual para cada um. Estas existem não somente pelo tipo de terreno, mas pela forma como cada um gosta de andar no mesmo, seja mais calmamente ou de um modo agressivo.

Aqui só vou falar de conheço bem, que é uma coisa muito semelhante ao Cross Country (XC). Ando de olho em várias bicicletas: de estrada, de ‘all mountain’ e Downhill, mas como não tenho ainda voto na matéria nessas duas últimas aplicações e as sugestões que ia dar eram as que me interessam (algumas estão no post da Bionicon), fico-me pelo XC, até porque é mais normal conhecer as particularidades do BTT pelo Cross Country, já que as restantes ‘categorias’, que definem mais ou menos outras formas de viver isto do BTT, acabam por ser mais especificas por explorarem algumas particularidades dos trilhos e terrenos (e são, pelo menos para o uso recreativo, mais caras).

Ultimamente marcas como a Specialized, Trek, Scott, Gary Fisher (com a geometria ‘Genesisters’) e GT (e outras com menor expressão), começaram a produzir modelos com geometria especifica de senhora, coisa que há alguns anos atrás (uns três provavelmente) não existia para quem não tivesse dinheiro para um quadro feito por medida. E é por estes modelos que vou começar.


> Specialized Myka (2008 ou 2009, ??kg, ~350€) e GT Zaskar Expert Woman (2009, ??kg, ~1600€).

Specialized Myka, roubada do site da Specialized
GT Zaskar Expert Woman


 Qualquer modelo das Myka, bem como as Scott Contessa’s até à Contessa 20 e 10, e todas as Treks com a expecção da 6700 e 8000 WSD, vêm mal equipadas para o preço que têm. Daí que esta Myka esteja aqui. As da Scott e Trek são igualmente bons quadros (a Scott opta infelizmente por uma pintura ridícula ‘p’rá menina’) e qualquer um pode ser melhor adequado para diferentes pessoas, só que o preço não equivale ao que se vende. A Myka vêm mal equipada mas é a mais barata (350€ sem o habitual 5% de desconto), e já que se compra uma bicicleta para mudar grande parte dos componentes, convém que seja barata.

Pontos a favor:
- Geometria (embora isto dependa do corpo de cada um)
- Não é muito pesada. E é verdade que nunca a pesei, nem os pesos vêm anunciados em lado nenhum, mas dá para sentir que não é assim tão pesada comparativamente a outras bicicletas de ~11kg. Pelo que, como vêm de origem, deverá andar pelos 13,5kg.

Pontos contra:
- Todo o material com que vêm equipada.
- Quadro de alumínio.

Sugestões:
- Alterar pedaleiro para um Truvativ FireX 3.0 GXP ou Shimano SLX, rodas para umas Fulcrum Red Metal 5 ou Mavic Crossride. Desviador de trás para Shimano Deore, Deore XT ou Sram X7 ou X9. Cassete Shimano de 9 velocidades Deore ou Deore XT. Desviador da frente para Shimano Deore. E alterem o guiador para outro qualquer porque o que equipa a bicicleta de origem é pesado. Mais tarde, trocar a suspensão da frente também.

Com estas alterações, sem a suspensão, a bicicleta ia ficar a aproximadamente 700€ (com X7 atrás, Deore à frente, Fulcrum Red Metal 5 e qualquer uma das pedaleiras que referi). Por mais 300€ compravam-se dois travões de disco Hope Mono Mini, e por outros 300€ uma RockShox Reba Race. Isto totalizava 1300€. Comparativamente, a GT Zaskar Expert Woman de 2009, têm um preço aproximado de 1600€, não vem tão bem equipada e o quadro é curiosamente semelhante ao da Myka (que já existe há mais tempo), com o pormenor do triângulo triplo, único da GT, que se calhar há uns bons anos atrás vendia por prometer mais rigidez lateral.
Gosto da GT, mas ia sem dúvida nenhuma para esta Myka com as a respectivas alterações.

No campo das suspensões integrais, o orçamento é diferente. É tudo mais caro, é mais caro do que estava à espera, já que não acompanhava de perto os preços que eram praticados para estas bicicletas. Acho-os ridículos. Não sei se é por uma questão de preferência e aspectos que para mim são relevantes a andar de bicicleta ou, se é de facto, o mercado aproveitar uma euforia/moda qualquer. Mas ao ver o preço destas bicicletas, tive mesmo vontade de nem as listar aqui. Bicicletas com suspensão integral com estes cursos (100 a 130mm) e quadros fracos, não é nada que me agrade. Nos trilhos onde ando por vezes reparo que poderiam facilitar, mas na maioria das vezes não fazem sentido. Sendo que o mais indicado é uma rígida ou uma bicicleta mais robusta com cursos de 150/160mm. Em muitos trilhos e em qualquer outro local são capaz de ser o mais indicado para pessoas com problemas de costas, e é por isto e porque a suspensão traz consigo mais tracção em terrenos mais complicados e pode facilitar e ajudar a percorrer maratonas longas, que as decidi colocar aqui. Porque gastar 4000€ ou 5000€ numa bicicleta destas é dinheiro para o lixo (a não ser para quem compete como é óbvio), não fazem ninguém andar mais rápido nem conseguir abusar em trilhos mais complicados, e muito menos sentir a adrenalina das tais bicicletas mais robustas e com mais curso como a Santa Cruz Nomad.


> Scott Contessa Spark 25 (2009, 11,6kg, ~2,400€).
Scott Contessa Spark 25


Esta, como todas as outras marcas e modelos que vou aqui falando são meras referências. Existem mais marcas e modelos com estas mesmas características e que são tão boas ou melhores (ou piores também). Era, por exemplo, para falar da Cannondale Scapel Féminine mas não sei o preço e o peso, e da Trek Top Fuel 8 WSD, que custa apróx. 3,285€ mas não sabia o peso. E então surgiu esta Scott.
Só não gosto das rodas, e já que se vai gastar 2,400€, mais valia gastar mais 350€ numas American Classic MTB Light, de apróx. 1400gr. Sem ser isto, não tenho nada a apontar à bicicleta.


Para os ‘senhores’ existem mais soluções, muitas mais alias.


> Salsa Ala Carte (2008, 11,8kg, preço ?)
Salsa Ala Carte


Não sei o preço, mas é uma das minhas opções ainda pendentes para o quadro novo (:P). A bicicleta completa proposta pela Salsa também me parece bem a nível de componentes e peso. Só não sei é o preço. Mas não lhe tenho a apontar nada de negativo, só lhe mudava as rodas para as American Classic que referi à pouco, o que ia levar a bicicleta mais para perto dos 11kg.

Nas suspensões integrais/totais/duplas suspensões..

> Canyon Nerve RC 7.0 (2009, ~11,4kg, 1,800€) ou Cannondale Scapel 4 (2009, ??kg, ~2000€) ou Cube Sting Super HPC K18 (2009, ??kg, ~2,650€)

Canyon Nerve RC 7
 Cannondale Scapel 4

Cube Sting Super HPC


São todas boas, mais acho que alterava as rodas da Nerve RC e Sting para as American Classic MTB Light. De resto varia o sistema de amortecimento. É experimentar e escolher.
Com o preço que têm, não têm desculpas para não ser boas.

Como nota, só tenho a acrescentar que para o preço de uma suspensão integral, não se pode afirmar, pelo menos para a maioria das carteiras, que sejam bicicletas para conhecer melhor isto do BTT. São para quem já sabe o que gosta de fazer na ‘montanha’ e está disposto a pagar por isso.

Então afinal, porque é que estas bicicletas são para BTT e as outras não ? Porque é que não se deve ir para outros terrenos com uma Pashley ?

Bom, todas as bicicletas andam em terrenos fora do asfalto. Mas com uma Cannondale Bad Boy ou uma Pashley Sonnet (pelo menos como são vendidas), não se ia conseguir passar sem partir nada, a velocidades normais e em terrenos que não sejam como o ‘carreiro’ de terra batida lá da rua que leva até à porta de casa.

_E isto é assim porque, ambas as bicicleta não têm os pneus de mais ou menos 51mm de largura (e isto dá um volume considerável comparativamente aos que equipam ambas a bicicletas) que absorvem muito dos impactos e com um ‘cardado’ que o agarra ao chão, quer seja a andar em frente, a travar ou a curvar. Nem têm os aros resistentes, porque a estrutura no material que é de facto, adequado para o BTT, é pensado para resistir a um uso abusivo. Tal como os raios e o cubo que compõem a roda, o pedaleiro, os pedais, o guiador, avanços e caixa de direcção.

_Nem os quadros são pensados para esses abusos quando estão a ser concebidos ou quando se escolhem as tubagens e se fazem as soldaduras.

_Nem o slooping é tão acentuado como num quadro de BTT. Pelo menos num quadro ‘moderno’, já que os clássicos eram apropriações de quadro de estrada. Que é fundamental para uma coisa também fundamental no BTT, a manobrabilidade – o ‘sentir a bicicleta na mão’.

_Nem o material é sempre selado contra lama, chuva e barro.

_Nem a geometria têm ângulos adequados para subir e descer (ou só descer) em pisos irregulares. (Se tiverem atentos, os ângulos do tubo do selim e direcção são diferentes das bicicletas anteriores)

_Nem existem suspensões ‘a sério’, ou seja, que consigam absorver impactos dignos do nome. E se a suspensão é algo que não é essencial, o que é certo é que dão mais tracção e em provas/percursos longos, onde se passa muito tempo em cima da bicicleta, dão-nos mais conforto e facilitam a viagem. E quando o quadro assim o permite, uma suspensão com um curso grande (curso = a viagem que a suspensão faz do ponto ‘normal’ até bater no fundo, e que é medida em milímetros), absorvem grande parte dos impactos e permitem saltar e descer a grande velocidade.

E penso que é isto que distingue as BTT das outras que aqui tenho referido.

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